É muito natural ver pessoas sozinhas aqui na
Índia, quer homens quer mulheres. As pessoas escolhem este sítio porque aqui se
"sentem em casa". Aqui medita-se em qualquer lado a qualquer hora.
Aqui não há medo de se fazer perguntas, nem vergonha de ir atrás das respostas.
As pessoas procuram saber mais sobre si mesmas, sobre a espiritualidade, sobre
o amor, o auto-conhecimento, sobre Deus, sobre o Universo, sobre a vida.
É tão bonito quando vamos até as margens do rio
Ganges e encontramos pessoas de todo o lado - os locais, russos, brasileiros,
americanos, portugueses, ingleses, italianos, costa-riquenhos. Todos eles
com o mesmo propósito e com a mesma vontade - meditar e fazer yoga.
Adoro sentir que aqui não há cargos, aqui não há
o sentimento de superioridade, pelo contrário o sentimento de igualdade impera
nas ruas. É tão curioso como os hindus abraçam qualquer pessoa
independentemente da religião que ela tenha, eles aceitam e até tentam crescer
connosco, apesar de nos ensinarem muito no campo da espiritualidade, da entrega, da devoção e da fé. Não importa se as pessoas estão cheias de tatuagens, de piercings,
vestidas de branco ou de preto. Somos todos iguais - aqui somos encarados como
almas e as almas não tem adereços.
É isso que sinto aqui, que aqui é normal
cuidarmos das nossas almas e do seu brilho. Aqui é normal limparmos a nossa
mente e explorar as suas capacidades. Aqui é normal falar em Deus, no universo
e nas leis da vida.
As
pessoas vêm para a Índia para se encontrar porque aqui o encontro connosco é
promovido e incentivado. Os Ashrams oferecem-nos yoga, meditação e palestras
onde se fazem perguntas de todo o tipo. Assisti a uma palestra magnifica onde
pudemos debater a homossexualidade, o sexo e a poluição do rio Ganges, com os
hindus. Eles abraçaram as perguntas com amor e principalmente as pessoas que as
fizeram.
Não estou a dizer que tudo é um mar de rosas,
porque não é. Temos aqui muitos altos e baixos, mas os altos acabam por
compensar os baixos e é por isso que todas as pessoas voltam. Aqui estão em
casa e podem debater as questões que as inquieta, ninguém julga ninguém porque todos
sentimos o mesmo, todos desejamos o mesmo - o encontro com a nossa alma.
Deixo fotografias que mostram que o contemplar, meditar, fazer yoga é o mais natural que aqui encontramos. E sabe bem, sabe bem que não sejamos olhados como "loucos", como aqueles que abraçaram a moda do yoga. Porque não é de todo isso, aqui vivemos para nós, para a saúde do nosso corpo e da nossa mente, e o que há melhor do que isso?
Deixo fotografias que mostram que o contemplar, meditar, fazer yoga é o mais natural que aqui encontramos. E sabe bem, sabe bem que não sejamos olhados como "loucos", como aqueles que abraçaram a moda do yoga. Porque não é de todo isso, aqui vivemos para nós, para a saúde do nosso corpo e da nossa mente, e o que há melhor do que isso?
Agradeço-te Índia e em particular, Rishikesh, estou cada vez mais apaixonada e entregue!
sou indiana(Hindu) a viver em Portugal há muitos anos, chamo me Mira Vaguela e vi o artigo sobre a sua viagem à India no Like3ZA ontem e senti que tinha que comentar, não é algo que faço com frequência mas sinto que devo fazer. Não quero de forma nenhuma minimizar a sua fantástica experiência mas penso que ambas sabemos que esta é difícil de ser replicada por qualquer pessoa que a leia. Não quero que pense que digo isto por qualquer má experiência que eu tenha tido por lá nas viagens que fiz, aliás todas as minhas viagens foram de igual forma fantásticas mas há muita coisa para além do que vê... não concorda??? Quando fala da falta de preconceitos não pode com certeza generalizar pois não sei se sabe, mas muito depressa qualquer indiano abraçara uma Firangi ( Estrangeira) do que um Shudra, Dalit (Intocável) e esta realidade por muito constrangedora que seja e tanto combatida por Gandhi em vida e aínda por todos continua infelizmente a persistir...Claro que quando vemos probreza extrema sentimos uma gratidão imensa por tudo o que temos, mas ao fim de contas nós passamos e ela vai infelizmente continuiar não é???
ResponderEliminarespero que não fique chateada comigo mas afinal o que é certo é que todos nós escolhemos ver o que queremos e aínda bem que escolheu ver esta India...
Querida Mira,
ResponderEliminarantes de mais devo dizer que todos os comentários são bem vindos, acrescentam sempre algo e é maravilhoso ter pessoas como a Mira a passar também a sua visão.
Não é possível passar num texto toda a visão com que fiquei da Índia, nunca é possível falar seja de que pais for num pequena "folha digital".
Vi a Índia pobre e dei o meu contributo levando malas cheias de material escolar e roupa para as crianças, claro que não chega, mas se todos soubermos contribuir eu acredito que não só na Índia, mas também em outros países, podemos assistir a uma melhoria geral no nosso planeta.
Há a realidade que a Mira fala, mas não deixei de ver e acima de tudo sentir tudo o que aqui descrevi, pois também é bom olharmos e pararmos para observar as coisas bonitas que a vida, os diferentes países e suas culturas têm para nos dar é oferecer. E de facto pelos sítios onde estive pude experienciar tudo o que aqui relatei, por essa razão quero voltar e já estou a planear um regresso.
De qualquer forma, agradeço a sua visão é partilha que é também verdadeira, na verdade tudo é sempre verdadeiro, as coisas não deixam de ser o que são porque as pessoas retiram realidades diferentes das suas observações. Tudo é real, tudo é o que se sente ser, mas nem sempre sentimos de igual forma.
Obrigada por ter partilhado connosco a sua visão.
Um grande beijinho,
Rute Caldeirs